A cirurgia bariátrica revolucionou a Medicina, no que se refere ao tratamento da obesidade. Porém, é um procedimento de alta complexidade e que envolve diferentes etapas, tanto no pré quanto no pós-operatório, com destaque para o processo de readaptação do organismo à alimentação.
Neste artigo, você terá um panorama geral de tudo o que o envolve a realização dessa cirurgia e também entenderá como funciona a dieta no período de recuperação. Ficou interessado? Continue a leitura.
O que é e como funciona a cirurgia bariátrica?
A cirurgia bariátrica, também chamada de cirurgia de redução de estômago, atua no tratamento da obesidade mórbida ou grave e das doenças adquiridas em função dela. Porém, o procedimento não deve ser visto como uma alternativa rápida ao emagrecimento.
Isso porque só é realizado quando é a última possibilidade que permite ao paciente obter a redução de peso. Há também uma recomendação para que menores de 16 anos e maiores de 70 anos não realizem a cirurgia.
Existem diferentes técnicas para realização dessa cirurgia. No entanto, no Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) regulamentou apenas quatro tipos: a gastroplastia em Y de Roux (GYR), a gastrectomia vertical (GV), a derivação biliopancreática (DBP) e a banda gástrica ajustável.
Quem pode fazer a cirurgia bariátrica?
A cirurgia de redução de estômago não está disponível para todas as pessoas. Existem indicações e contraindicações para o procedimento. O objetivo dessa normatização é evitar que o tratamento seja banalizado e se torne uma alternativa para o emagrecimento rápido.
Ainda, os critérios foram estabelecidos e são regulamentados pelo CFM por meio da Resolução nº 1.942/2010. O enquadramentos nesses requisitos é observado durante a anamnese e nos resultados dos exames pré-operatórios que são realizados. Esses requisitos são:
- Indivíduos que tenham o Índice de Massa Corporal (IMC) maior ou igual a 40;
- Indivíduos com o IMC maior ou igual a 35, desde que já tenham desenvolvido alguma complicação em função da doença, como por exemplo, diabetes, hipertensão, apneia do sono, aumento do nível de colesterol e de triglicerídeos ou problemas articulares;
- Pessoas maiores de 18 anos e menores de 70 anos de idade;
- Os idosos ou pessoas de idade menor ou igual a 16 anos, desde que possuam evidente risco de vida por conta da obesidade;
- Pacientes de obesidade mórbida ou grave com tratamento clínico insatisfatório por, pelo menos, dois anos;
- Pessoas que não façam uso de drogas ilícitas ou sofram com alcoolismo;
- Indivíduos que não tenham diagnóstico de doenças psicóticas ou demências graves ou moderadas;
- Pacientes e familiares que se mostrem comprometidos com o cumprimento das orientações médicas de curto e longo prazo.
Como é o pós-operatório da cirurgia bariátrica?
Para o sucesso da cirurgia bariátrica, é imprescindível que o paciente siga as orientações para o pós-operatório. São medidas de curto e longo prazo que ajudarão o organismo a manter a redução de peso. A seguir, saiba mais sobre elas:
Reposição vitamínica
Após a quarta semana depois da cirurgia, o paciente inicia a dieta pastosa em conjunto com a reposição vitamínica, que costuma envolver um complexo de vitaminas, cálcio e vitamina D. Essa medida ajuda a afastar o desenvolvimento de anemia, osteoporose e outras doenças decorrentes da má absorção.
Uso de medicamentos
Outra importante etapa do pós-operatório é a utilização temporária de alguns medicamentos, como, por exemplo, os antiácidos, que ajudam a reduzir a formação de úlceras no novo estômago, e os analgésicos, para tratar a dor local.
Acompanhamento psicológico após a cirurgia bariátrica
A obesidade está diretamente relacionada à compulsão alimentar, transtorno psicológico que provoca a fome insaciável. Por isso, o acompanhamento psicológico é fundamental para haver uma transformação nessa maneira de pensar.
Além disso, o suporte de um psicólogo ajuda a evitar que, após o procedimento, o paciente transfira a fixação por comida para outras coisas como, por exemplo, consumo de álcool, compras ou sexo.
Praticar atividades físicas
A atividade física é fundamental no pós-operatório, pois, além de evitar o risco de algumas complicações, contribui para a manutenção do peso perdido. O reganho de peso é muito comum após a bariátrica. Por isso, exercitar-se é fundamental.
Como é a dieta no pós-operatório?
A alimentação no pós-operatório da cirurgia bariátrica é um ponto de atenção para o médico e para o paciente, pois pode determinar o sucesso do tratamento e reduzir ou aumentar o risco de complicações. A dieta é dividida da seguinte forma:
Dieta líquida
A dieta líquida é a primeira fase do pós-operatório da cirurgia bariátrica e que perdura até o 15º dia após o procedimento. Durante as primeiras 48 horas pós tratamento o paciente deve consumir apenas água e líquidos transparentes.
Assim, o organismo se recupera mais rápido, ajudando o corpo a adaptar-se às modificações. Além disso, nesta etapa, o consumo é limitado a pequenas quantidades diárias de líquidos, de modo que o estômago não sofra dilatação e consiga se restabelecer.
Após os dois primeiros dias, o paciente poderá ingerir outros líquidos, tais como, leite desnatado, caldo e sopa fina, suco sem açúcar, café e chá descafeinado, gelatina e picolé sem açúcar. Durante esses 15 dias, a alimentação precisa ser fracionada em cerca de seis a oito refeições diárias com intervalo de duas horas.
Dieta Pastosa
Ao fim da primeira quinzena do pós-operatório, inicia-se a fase da dieta pastosa, na qual o paciente pode ingerir apenas alimentos pastosos, como, por exemplo, cremes de legumes, mingaus, purês de frutas, legumes ou de proteínas, vitaminas batidas com suco de soja ou água.
Como exige um tempo maior de adaptação, a alimentação pastosa deve ser mantida do 16º dia ao 45º dia. Para seguir à risca as orientações médicas, a ingestão deve ser limitada a 75 g de proteínas por dia, respeitando o volume máximo diário de 200 ml. Além disso, é importante evitar a ingestão de líquidos durante as refeições.
Dieta Branda
A fase da dieta branda é a etapa de transição para o retorno à alimentação sólida, sendo um tipo de preparação final para o organismo e restabelecendo o processo de mastigação. Essa fase se inicia no 46º dia e se encerra no 60º dia.
Embora já seja permitida a ingestão de alimentos sólidos, eles precisam ser macios e devem estar bem cozidos, facilitando o consumo. Por isso, recomenda-se a ingestão de arroz e legumes, carnes magras macias ou desfiadas e frutas sem casca ou bagaço.
Dieta sólida
Ao fim do segundo mês do pós-operatório o paciente está autorizado a retomar o consumo de alimentos sólidos. Contudo, esse processo deve ser gradual, em pequenas porções de alimentos e com foco na mastigação.
Posteriormente, está permitida a introdução de alimentos bem cozidos, pobres em gorduras e sem açúcar, como, por exemplo, legumes, verduras, leite, laticínios, carnes vermelhas magras, peixes desfiados, ovos mexidos, chás e sucos diluídos.
Além disso, é necessário ingerir, pelo menos, dois litros de água por dia para manter o corpo hidratado. Porém, só deve ser consumida entre as refeições e não durante. Assim, o paciente recebe todo o aporte calórico exigido pelo organismo.
Por fim, a partir da alimentação sólida o paciente precisa controlar a quantidade de alimentos ingerida, dar atenção à mastigação e aos intervalos entre as refeições. Por isso, o acompanhamento nutricional é fundamental no pós-operatório da cirurgia bariátrica.
Enfim, isso é tudo o que você precisava saber a respeito da alimentação no pós-operatório da cirurgia bariátrica. O paciente precisa fazer sua parte e seguir todas as orientações médicas, tanto no pré quanto no pós-operatório.
Quer saber mais? Estamos à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficaremos muito felizes em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do nosso trabalho em cirurgia bariátrica no Rio de Janeiro.